Horário de Funcionamento:
Segunda, Quinta e Sexta
15:00 / 20:00
Sábados e Domingos
11:00 / 18:00
Outubro, Novembro e Dezembro de 2009
Janeiro, Fevereiro e Março de 2010
Neste ciclo apresentamos alguns dos filmes sobre os quais Mário Dionísio escreveu ou a que simplesmente se referiu nos muitos textos, publicados ou inéditos, que ao longo da sua vida escreveu. Nas folhas de sala de cada filme, divulgaremos esses textos ou parte deles. Vale a pena lembrar que em Portugal, até ao 25 de Abril de 74, nem tudo se podia ver e o que se via era muitas vezes cortado pela censura.
Esta é uma escolha em que várias pessoas colaboraram. Uma amostra. De épocas e de gêneros vários. Até um desenho animado será projectado. Mário Dionísio nunca fez cinema nem foi crítico de cinema. Foi espectador de cinema, como muita gente, e atento, como nem toda gente foi. Especialmente atento, como em tudo, a certas novidades. Entrou em polêmicas que filmes e festivais originaram na imprensa, sobretudo nos anos 60, tempos da «nouvelie vague».
Interessou-se, nos anos 40 do século XX, por «cinema e poesia» e por «cinema e cor» - títulos de dois artigos que publicou. Entrou no debate «o cinema matou a literatura?» Achou sempre que não.
Pensamos organizar outros ciclos por autores e por temas, a partir do que aqui se resolveu mostrar agora e também do que por enquanto ficou na gaveta.
Abril, Maio e Junho de 2010
Uns 3500 filmes foram proibidos em Portugal durante a ditadura, desde a criação da Inspecção dos Espectáculos, em 1928, até ao 25 de Abril de 1974. Por razões políticas. E também por razões «morais». Muitos outros não chegaram a ser proibidos porque os distribuidores nem sequer os apresentavam a «exame», uma vez que de antemão sabiam que eles não «passariam». Nem com os cortes habituais.
Qualquer filme russo (entre 1936 e 1970), qualquer filme de um pais de leste (entre 1947 e 1970), qualquer filme indiano (entre 1953 e 1973) estava impedido de ser exibido, fosse ele qual fosse.
Com pequenas excepções, todos os filmes de Eisenstein, de Vertov, de Buñuel, de Pasolini, muitos filmes neo-realistas italianos e da «nova vaga» francesa, vários filmes de Chaplin, de Renoir, de Bergman, entre outros, não «passaram na censura» e só puderam ser vistos nas salas portuguesas depois do 25 de Abril.
Nos ciclos anteriores, incluímos alguns deles. Por exemplo, Roma, cidade aberta de Rossellini, Hiroshima meu amor de Resnais, Os olvidados e Um cão andaluz de Buñuel, O couraçado Potemkin de Eisenstein, Jaime de António Reis.
Julho, Agosto e Setembro de 2010
ASSIM COMEÇARAM 13 GRANDES REALIZADORES
Nos meses de verão, os ciclos de cinema da Casa da Achada-Centro Mário Dionísio mudam de lugar: os filmes são projectados no Largo da Achada, um simpático larguinho que nem toda a gente conhece, onde várias épocas se cruzam e ainda resta uma árvore. Ao centro, um chafariz sem água.
A ideia é, durante três meses, ver aí as primeiras longas metragens de 13 realizadores que seriam depois marcantes na história do cinema, de maneiras diferentes. 13 obras do século XX, as mais antigas realizadas nos anos 40 e as mais recentes nos anos 90, As obras escolhidas são dos seguintes realizadores: Orson Welles, Manoel de Oliveira, Joseph Losey, Nicholas Ray, Jacques Tati, Satyajit Ray, François Truffaut, Pier Paolo Pasolini, Paulo Rocha, Fernando Lopes, Chadi Abdel Salam, Flora Gomes, Pedro Costa. Filmes de vários países e continentes: uns vindos da Europa (2 de França, 1 de Itália), outros dos Estados Unidos da América (3), outros ainda da índia (1), do Egipto (1), de África (1), ou feitos em Portugal (4).
Poderiam ser, evidentemente, 13 outras primeiras obras de 13 outros grandes realizadores. Mas, por agora, são estas. Como nos três ciclos anteriores, agora ainda mais, pensámos naqueles que moram perto e que vão pouco ao cinema.
Durante estes três meses de verão nem precisam de entrar numa sala. É só parar e sentar. Ver e ouvir. E, se apetecer, conversar.
Outubro, Novembro e Dezembro de 2010
Nem todos os grandes filmes que vimos (ou não vimos), nem todos os filmes marcantes, foram feitos por gente do cinema ou por realizadores «profissionais». Nem todos os realizadores são grandes por terem feito muitas longas-metragens - e de ficção. Há quem tenha feito, por razões várias, ao longo da vida, uma só longa-metragem. Casos especiais, é certo, do cinema e das artes.
Também Mário Dionísio, escritor que publicou poemas, contos, ensaios, artigos durante mais de 50 anos, publicou uma só longa narrativa, um romance, chamado Não há morte nem princípio e não será menos escritor por isso.
Janeiro, Fevereiro e Março de 2011
Há relações estreitas entre Cinema e Pintura, mesmo que não pensemos muito nelas. Fazer um quadro e fazer um plano têm coisas em comum.
E além disso, muitos filmes (e muito variados) pegam no pintar, em pintores, em pinturas - no seu fabrico, na sua circulação e utilização - como assunto.
Era impossível na Casa da Achada-Centro Mário Dionisio não organizar um cicio sobre Cinema e Pintura, quando Mário Dionísio foi pintor, escreveu sobre pintura e viu muito cinema, quando a sala onde se projectam os filmes está coberta de pinturas, quando todas as semanas há no mesmo espaço sessões de leitura de A paleta e o mundo, obra muito extensa sobre pintura, escrita por Mário Dionísio.
Neste primeiro ciclo (haverá outros) apresentaremos apenas filmes (e poderiam ser outros) com narração e ficção, feitos das mais diversas maneiras, ao longo de meio século, uns com a pintura (e os pintores) muito à vista e outros menos. Para mais tarde ficarão os documentários.
Por acaso ou talvez não, começamos com Van Gogh e terminaremos com ele, filmado mais de trinta anos depois e noutras terras. Van Gogh que Mário Dionísio descobriu nos anos 40 e sobre o qual muito escreveu.
Abril, Maio e Junho de 2011
REVOLUÇÃO e REVOLTA são palavras difíceis de definir. Não são «estáveis». E cada vez menos o são. E cada vez menos as usamos. E cada vez menos moram nas nossas cabeças. Como se o nosso tempo as dispensasse.
Talvez o cinema ajude a perceber o seu sentido. E o que foram aquelas REVOLUÇÕES e REVOLTAS que foi havendo pelos tempos fora. Ou algumas delas. Sem as quais não seríamos o que somos hoje.
Na nossa terra, em Abril, desde 1974, a palavra REVOLUÇÃO vai voltando, mais do que no resto do ano, aos discursos e às conversas, provocando por vezes algumas controvérsias. Por isso, iniciamos este ciclo em Abril. E continuamos por Maio — Maio do 1º de Maio, do Maio 68, do fim da Comuna de Paris... E por Junho, sem conseguirmos, mesmo assim, mostrar tudo o que nos apetecia. Os filmes sobre REVOLTAS e REVOLUÇÕES que vale a pena ver (ou rever) são muitos. Grande parte, documentários. Mas escolhemos para este ciclo, sobretudo ficções (ou perto disso) a partir de acontecimentos. Abrimos uma excepção para Portugal 1974-1975. Ou mais ou menos clássicos, ou mais ou menos experimentais, ou mais ou menos conhecidos, todos têm, de uma maneira ou de outra, a História dentro. E tentámos aqui aumentar a «nossa» História, diversificando continentes, países, épocas, classes sociais, derrotas e vitórias, autores, formas e locais de produção. É por tudo isto e sobretudo pelo que são que, ainda mais do que nos outros ciclos, estes filmes merecem ser debatidos.
Julho, Agosto e Setembro de 2011
Como em 2010, as sessões semanais de cinema na Casa da Achada, durante Julho, Agosto e Setembro de 2011 são ao ar livre.
Desta vez, são os filmes que 13 pessoas - porque são 13 as segundas-feiras destes três meses -, de um modo ou de outro, ligadas à Casa da Achada-Centro Mário Dionísio, entenderam mostrar a outros que nunca os viram ou que talvez os queiram rever.
São filmes muito diferentes, feitos ao longo de muitos anos. O mais antigo é de 1930 e o mais recente de 2010. Uns são ficção e outros documentários, realizados em diferentes países.
O que os reúne é terem entrado nas vidas de quem os propõe e serem apresentados por quem os propôs.
E a Casa da Achada faz assim porque o cinema é parte das nossas vidas e fez parte da vida de Mário Dionísio.
Outubro, Novembro e Dezembro de 2011
Houve um tempo em que eram muitos e grandes os cinemas em Lisboa: cinemas de estreia - na Av. da Liberdade, Restauradores, depois também Saldanha, Alameda, Av. de Roma e Alvalade, Avenidas Novas - e cinemas de bairro.
Ia-se ao cinema. Onde chegava a pujante indústria de Hollywood e o seu starsystem. Mário Dionísio é desses tempos. Fizeram viver e ficaram na memória de muita gente filmes e filmes, títulos e títulos, nomes e nomes (que eram mais do que nomes). Mais até de actores - vedetas, stars, estrelas - do que de realizadores: Gloria Swanson, Marlene Dietrich, Greta Garbo, Judy Garland, Rita Hayworth, Glenn Ford, Humphrey Bogart, Katharina Hepburn, John Wayne, Gary Cooper, Ava Gardner, Frank Sinatra, Kim Novak, Clark Gable, Marilyn Monroe, Bette Davis, Marlon Brando, Elizabeth Taylor, etc., etc.
Mesmo na memória daqueles para quem a 7ª Arte não se resumia a isto. E até daqueles para quem o combate seria precisamente emancipar a Arte do Mercado.
Durante três meses vamos (re)visitar quatro décadas - anos 30 a 60 do século XX: rostos, gestos, olhares, relações, paixões, lugares, enquadramentos, sequências - que hoje já não entram no Mercado. Nem nos Festivais que são dele.
Janeiro, Fevereiro e Março de 2012
Em tempos sombrios como estes que vivemos, rir é já alguma coisa. Dá vontade, às vezes. Servirá para alguma coisa? Há várias maneiras de rir. E os filmes cómicos não fazem todos rir da mesma maneira. Os que escolhemos para os primeiros três meses de 2012, além de fazerem rir, fazem pensar. No modo como vivemos, na sociedade em que vivemos, e até nos instrumentos para a transformar. E é para isso que lá estarão Charlot, Buster Keaton, os irmãos Marx, Totó, Tati, Jerry Lewis, Woody Allen, Moretti e outros mais. Uns são filmes «clássicos» mesmo, outros são menos conhecidos, realizados entre os anos 20 e os anos 80 do século XX (mais de meio século separa A QUIMERA DO OURO de A MISSA ACABOU), que talvez nos mostrem que a «crise» vem de longe...
E pensámos nos de menos idade. Há filmes para todos nas segundas-feiras das férias escolares. Entre os filmes de que Mário Dionísio falou (e que originaram um ciclo há dois anos) estão filmes de grandes cómicos - Chaplin e Tati, pelo menos estes - de quem já apresentámos obras noutros ciclos.
Mas - porque nos queremos rir a valer ao menos uma vez por semana - vários grandes realizadores vão passar por aqui pela primeira vez.
Abril, Maio e Junho de 2012
Agora que nós-números (e não pessoas) temos pouco a ver com a política - diz-nos quem está no poder. Porque ela per¬tence aos governos, aos partidos, e a mais ninguém. Ora, as nossas vidas são determinadas por ela. No nosso quotidiano há o que os outros fazem «por» nós e o que nós fazemos ou não fazemos, dizendo sim ou não. Política não é só a tomada do poder e o que se foi fazendo, com sucesso ou não, por meios «legais» para o alcançar. Além do Poder há poderes. Levantamentos populares, lutas pequenas (ou grandes), revoltas e revoluções, são Política. De que a História e as nossas vidas se fazem. E impossível separar a Política da História. A política, e também a do dia-a-dia, com muitas histórias dentro, encontramo-la nas artes - e o cinema é uma delas. Temas e sobretudo modos diferentes de fazer as artes. Ao contrário do que muitas vezes se diz, ela não é distinta da arte. É parte dela. Abril é um mês em que dá vontade de recomeçar a falar. Vamos mostrar filmes da história do cinema, outros esquecidos, outros recentes, que poucos conhecem. E desta vez, apresentamos mais documentários do que é costume. Haverá sessões com dois filmes: sobre épocas com a política à vista, que marcaram quem vive hoje, mesmo que não estivesse nascido então - o 25 de Abril, o Maio de 68. Com aquela ideia de que se vive melhor conhecendo o que anda escondido.
Julho, Agosto e Setembro de 2012
Os tempos vão maus. Uns choram e outros cantam. Por aqui, continuamos a mostrar o que alguns fizeram nas vidas que foram tendo. Há já bastante tempo ou quase agora.
Cinema, às segundas. E, porque é verão, ao ar livre. E, porque é verão e ao ar livre, com muita música - que a música é uma boa forma de dizer. Quando o cinema mudo acabou, ficou com sons dentro. E quase sempre música, maior ou menor. Neste ciclo, escolhemos 13 filmes porque são 13 semanas, em que a fala se faz canto. Filmes de várias décadas e épocas (de que nos vamos ocupando na Casa da Achada-Centro Mário Dionísio), em que a invenção - que é o que nos faz existir/resistir - também é, entre outras, essa: falar cantando. As músicas são muitas e várias: óperas, ou mais ou menos clássicas, canções mais «ligeiras» ou mais pesadas, rock, e por aí fora.
Outubro, Novembro e Dezembro de 2012
O cinema é (ou já foi) mais popular do que a literatura. O facto é que muito cinema se foi fazendo com literatura, a partir dela. São muitos e muitos os livros (sobretudo romances de todos tempos, daqueles tempos em que houve - ou há - romances) transformados em cinema. Uns terão sido desfeitos pelo cinema, outros refeitos. Há quem ache que o cinema pode levar à literatura (e pôr mais gente a ler) e quem ache que é o cinema que a mata.
Este ciclo é uma selecção de filmes feitos a partir de obras literárias, umas mais famosas do que outras, e de várias épocas. Os filmes estão ordenados por ordem cronológica dos livros donde partiram e não da realização dos filmes. Dos mais recentes para os mais antigos. Tentamos assim fazer pensar sobre estas duas linguagens e a sua relação. Recordamos que Mário Dionísio, homem da literatura, se interessou muito pelo cinema. Escreveu sobre filmes. Daí termos feito um ciclo que se chamou «Filmes de que Mário Dionísio falou». Entendeu que a linguagem da Literatura é uma e a do Cinema é outra. E é isso que enriquece o mundo e nos enriquece. Só assim se pode continuar a ler romances e a ver filmes com gosto. Mesmo quando o «assunto» é o mesmo.
Janeiro, Fevereiro, Março, Abril, Maio e Junho de 2013
Abre-se um jornal – quando ainda se faz esse gesto antigo – e parece que o centro do mundo é o dinheiro. A falta de dinheiro, o pouco dinheiro, o muito dinheiro, o demasiado dinheiro, o dinheiro guardado – a poupança até tem direito a dia mundial –, o dinheiro usado, o dinheiro roubado, o dinheiro emprestado, oferecido ou por oferecer, ou bem ou mal distribuído, e por aí fora. Créditos e débitos. Dívidas. Bolsas, subsídios, descontos, taxas, impostos.
Greves e manifestações até pertencem agora às páginas de «economia». O preço pelo qual se compra e vende um quadro mais ou menos célebre – ou então o seu roubo – pode ser manchete, assim como o vencedor da lotaria, do totobola, do totoloto, do euromilhões.
Se todos tivéssemos dinheiro, não havia Banco Alimentar. Se todos tivéssemos dinheiro, não se morria à fome, nem havia misericórdias, nem ONGs de caridade, nem IPSSs, nem subsídios de desemprego e de reinserção (quando os há), etc., etc. Nem nasceriam zonas francas nem casinos. Nem quase seriam precisos tribunais que julgam assassinatos, roubos, heranças, partilhas, limites de propriedades... com o dinheiro ao centro.
Muitos – pobres e ricos – vivem para ter dinheiro, para o dividir ou multiplicar – e, os mesmos ou outros, para o gastar. Não se pode viver sem dinheiro. Pelo menos nesta nossa sociedade.
O dinheiro é mesmo o centro do mundo. E, porque parece sê-lo cada vez mais, e sempre de outras maneiras, organizámos este ciclo de filmes, maior do que os anteriores. E não veremos tudo o que valeria a pena ver. Alguns filmes que neste ciclo caberiam (por exemplo, A quimera do ouro, O quinteto era de cordas, Stavisky) não os passamos agora porque entraram em ciclos anteriores.
Era impossível a 7.ª arte (a literatura, o teatro, antes dela…) não se ocupar do dinheiro. O dinheiro está no centro do mundo e no centro de muitas tragédias e de muitas comédias.
Este ciclo vai, assim, percorrer quase um século de cinema: Aves de rapina de Erich von Stroheim é de 1924, capitalismo - uma história de amor de Michael Moore e erro do banco a vosso favor de Gérard Bitton e Michel Munz (não passou nos cinemas em Portugal) são de 2009. Do mudo ao sonoro, do preto e branco à cor. São 24 filmes de 24 realizadores, produzidos em países vários: EUA, França, Itália, Alemanha, Espanha, Portugal…
E que, aliás, precisaram de dinheiro para serem feitos, distribuídos, vistos, transformados em dvd – independentemente dos seus maiores ou menores orçamentos e das muitas ou poucas receitas de bilheteira.
Chamamos a atenção para uma sessão difícil de que não podíamos prescindir: um filme mudo de mais de três horas – dinheiro de Marcel l’Herbier. E para todos os outros filmes, evidentemente, que nos farão (re)descobrir cinematografias sempre a (re)descobrir e nos farão pensar sobre aquilo em que vale a pena pensar.
Filmes que, ao longo de seis meses, nos farão rir e chorar.
Julho, Agosto e Setembro de 2013
As férias não são tão velhas como o mundo. Antes de começarem a regular os calendários, quem as tinha eram os que não viviam do trabalho e não precisavam de «descansar», mas gostavam e podiam «mudar de ares» e fazer «vilegiaturas». No século XX, as férias mudaram de figura: foram uma conquista dos trabalhadores e um direito (con)sagrado.
Hoje são «matéria» do comércio e da indústria – «turismo», agências de viagens… E cada vez mais «repartidas». E há cada vez menos «férias»: se não há trabalho, ou se o trabalho é precário, e sem contrato, como pode haver «férias»?
As antigas férias (como ainda os «fins-de-semana», os feriados e as suas «pontes»), conquistadas aos patrões, enquanto terreno da «felicidade» do «não fazer nada», do «não-obrigatório», do tempo «livre», têm sido tema e lugar da literatura, da pintura, do teatro, do cinema. Férias desejadas, idealizadas, aproveitadas, e também malbaratadas, desgraçadas. São um tempo com lugares, hábitos e rituais próprios, e paixões, dramas, tragédias e comédias que o «ócio» pode tornar diferentes ou ampliar. São espelho duma sociedade, é claro.
O filme mais antigo deste ciclo, passeio ao campo de Renoir, começou a ser rodado em 1936, ano determinante na vida dos assalariados franceses: milhões de operários partiram pela primeira vez para as praias, sem perderem o salário dos 15 dias em que não trabalhavam. Vários filmes deste ciclo são dos anos 50. E, ao contrário do que tem acontecido com outros ciclos, não há nenhum do século XXI. Por alguma razão será.
Outubro, Novembro e Dezembro de 2013
Será possível viver sem aprender? Mas aprender o quê? Onde? Com quem? Como? Porquê? Para quê?
Reduzir a(s) aprendizagem(ns) à escola, colocá-la(s) como actividade exclusiva (ou obrigação) do princípio da vida de cada um – «de pequenino é que se torce o pepino» – é mais frequente do que às vezes julgamos, sobretudo quando tanto se fala dessa outra nova «especialização»: a «formação» ao longo da vida, com suas «acções», «programas» e «créditos», a «requalificação», a «avaliação»…, que costumam fazer parte das chamadas «políticas de emprego», mais do que das chamadas «políticas de educação».
Durante três meses, que são aproximadamente o primeiro terço do ano escolar, enquanto as «avaliações» do Natal não chegam, projectaremos 15 filmes do século XX, de origens, realizadores e tempos diferentes, escolhidos entre os muitos onde a infância, a adolescência, a escola são tratadas, e outros onde a questão das aprendizagens está à vista mas de outras maneiras. Em todos, a escola como a conhecemos é, de várias maneiras, posta em causa.
É um ciclo que não esquece que a Casa da Achada é o Centro Mário Dionísio e que este foi toda a vida professor. E que também sobre educação muito escreveu.
Janeiro, Fevereiro e Março de 2014
A 2ª Guerra Mundial, que assolou há cerca de 70 anos uma grande parte do mundo, é ainda uma memória de vivos e uma memória viva – directa ou indirecta – mesmo de quem não participou nela, como foi o caso dos portugueses, e dos que vieram depois. Dois únicos «campos» bem claros e opostos: os «aliados» (vencedores) e o «eixo» (vencido).
Por exemplo, a memória de Mário Dionísio. Que conta que estava a escrever um artigo sobre Maiakovski para a Seara Nova quando ouviu um ardina a berrar: «Rebentou a guerra! Rebentou a guerra!». E que conta que, uns anos depois de muita ansiedade, nas grandes manifestações da Vitória, em Lisboa!, se viam todas as bandeiras dos «Aliados» (excepto a da URSS…). Julgou-se até que a ditadura em Portugal acabaria aí, mas não.
É natural que estes 6 anos de barbárie (e de muitos humanismos combatentes) tenham originado narrativas sem fim. Na literatura, no cinema. E não só.
Foi difícil escolher estes 13 filmes, apesar de, à partida, termos a pretensão simples de mostrar «apenas» histórias narradas, deixando para depois a questão «guerra-guerra». Ordenámo-los cronologicamente: o primeiro é uma «actualidade» (1942) e, à medida que o ciclo avança, vamo-nos afastando do «acontecimento»: a «memória», a «reconstituição histórica», a «ficção» serão cada vez mais os materiais das obras que vamos ver.
Talvez este ciclo nos impeça de esquecer duma coisa: a Europa oficial (há uns anos com a Alemanha à cabeça) é filha desta Grande Guerra. Sangrenta e – por malas artes ou boas artes – criadora.
Abril, Maio e Junho de 2014
Como se está a falar mais do 25 de Abril do que é costume, pelos 40 anos que ele faz, e porque ele nos parece cada vez mais um «mistério», provavelmente maior ainda do que o 25 de Novembro, que terá posto nele um ponto quase final, achámos que, para ajudar a desfazer ou diminuir esse «mistério», que muitas pessoas, algumas já mortas, viveram e registaram, poderíamos fazer este ciclo.
Para fazer pensar nessa data, que não é só uma data, nem uma data qualquer, há neste ciclo ficções, documentários e animações, com linguagens bem diferentes, que se cruzam nesta sala uma vez por semana durante três meses. Cruzam-se ao longo do ciclo, e também na mesma sessão, o antes (que talvez explique coisas) e o depois (que mostra coisas que se passaram, umas vezes interrogando e outras vezes levando a interrogações).
Todos os filmes deste ciclo (menos um) foram integralmente realizados depois do 25 de Abril e todos saíram depois, mesmo os que falam (directa ou indirectamente) do antes. Como poderia ser de outra maneira?
Quase todos são portugueses, o que nunca aconteceu nos ciclos da Casa da Achada, apesar de muita gente que veio de fora ter filmado esses dois anos de 25 de Abril (alguns desses filmes já projectámos noutros ciclos), um 25 de Abril que vale a pena conhecer o melhor possível e sobre o qual vale a pena pensar cada vez mais.
Nestes cruzamentos há uma homenagem escondida – gostamos pouco de homenagens. Ao Alberto Seixas Santos, que por estas sessões das segundas-feiras tem passado. O primeiro filme é dele e fala do antes; o último também e interroga o fim. E, pelo meio, veremos o seu trabalho num colectivo, o Grupo Zero, em que nem todos têm reparado.
Julho, Agosto e Setembro de 2014
Durante os 3 meses de Verão, o Cinema da Casa da Achada volta ao ar livre. Eram os meses em que, quando havia «férias grandes», aqueles que as tinham partiam das cidades para as praias e para os campos e às vezes também aproveitavam para visitar cidades de outros países.
Este ciclo propõe, sobretudo aos que ficam em Lisboa durante o Verão, viagens semanais, através do cinema, a várias cidades do mundo, vistas de certas maneiras, onde acontece o esperado e também o inesperado.
Melhor, uma longa viagem, com partida de uma cidade imaginada por Fritz Lang (Metropolis) e chegada a outra cidade imaginada, esta por Godard (Alphaville).
Não é um percurso linear e nalguns filmes ou sessões passaremos por mais do que uma cidade. Começaremos por algumas mais distantes (Los Angeles, Nova Iorque, Tóquio, Rio de Janeiro…) e só em fins de Setembro, quando as escolas já começaram, chegaremos a Lisboa, depois de espreitar Alexandria e terras de Europas várias.
Percorreremos assim, além dumas partes do mundo, setenta e cinco anos de cinema e muitas maneiras de o fazer: do cinema mudo dos anos 20 (do século xx) aos primeiros anos do século que estamos a viver.
Outubro, Novembro e Dezembro de 2014
Os tribunais aparecem-nos hoje como a «solução» para o que a política é incapaz de resolver. Transformaram-se (para quem não tem poder) numa «sede de esperança»: os OGEs (e não só) vão parar ao tribunal (constitucional); os «corruptos» importantes são às vezes julgados; é nos tribunais que os sindicatos passaram a tratar de despedimentos, carreiras, encerramentos de empresas; abundam as «providências cautelares». E as mesmas «queixas» têm resultados diferentes conforme o tribunal que as «atende».
Que a injustiça continua a imperar por esse mundo fora é uma evidência. Sobre isso toda a gente está de acordo. Justiça económica, social, política, doméstica, «privada»…
Mas há quem acredite que ela pode ser combatida em «sede própria» – os tribunais. Regidos por leis, comportamentos, relações dos regimes que os criam e onde a injustiça vive. Castigando ou ilibando. Prendendo, multando, indemnizando...
São muitos os que, por vontade própria ou alheia, pagando ou sem pagar, têm passado por tribunais e também muitos os que trabalham neles ou para eles – «profissionais da justiça» se chamam.
É natural que esses tribunais – os seus ambientes, a sua encenação, os seus dramas – sejam um tema recorrente do cinema, sobretudo do ocidental. E que os muitos filmes onde eles aparecem falem mais de injustiça do que de justiça. Com excepções.
Os 13 filmes deste ciclo tentam variar épocas, países, situações, maneiras de filmar. Muitos outros caberiam nele, nomeadamente dois que já passámos noutros ciclos: julgamento em nuremberga e liberdade para josé diogo.
Fevereiro e Março de 2015
Nas segundas-feiras de Fevereiro e Março, na Casa da Achada, projectamos filmes - de vários realizadores e de épocas diferentes - em que trabalhou o director de fotografia Acácio de Almeida, que apresentará os filmes.
Abril, Maio e Junho de 2015
Para o ciclo «Bastidores - Fazeres que não se vêem» não se trata de mostrar só os bastidores de uma peça de teatro ou da rodagem de um filme, mas muitos outros bastidores da vida e do quotidiano, da arte e dos fazeres. O ciclo de cinema continua até Junho, e a programação completa pode ser vista aqui. No mês de Abril vamos projectar filmes em que entram os bastidores da rodagem de um filme, de todo o trabalho de montagem duma exposição num grande museu, duma companhia de ballet conflituosa e do pequeno comércio numa rua em Amesterdão.
Julho, Agosto e Setembro de 2015
Outubro, Novembro e Dezembro de 2015
Jabeiro, Fevereiro e Março de 2016
Abril, Maio e Junho de 2016
Julho, Agosto e Setembro de 2016
Outubro, Novembro e Dezembro de 2016
Janeiro, Fevereiro e Março de 2017
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Abril, Maio e Junho de 2017
Julho, Agosto e Setembro de 2017
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Outubro, Novembro e Dezembro de 2017
Janeiro, Fevereiro e Março de 2018
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Abril, Maio e Junho de 2018
Julho, Agosto e Setembro de 2018
Outubro, Novembro e Dezembro de 2018
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Janeiro, Fevereiro e Março de 2019
Abril, Maio e Junho de 2019
Julho, Agosto e Setembro de 2019
Outubro, Novembro e Dezembro de 2019
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Janeiro, Fevereiro e Março de 2020
Julho e Agosto de 2020
Outubro, Novembro e Dezembro de 2020
Janeiro e Maio de 2021
Em janeiro é o colectivo Left Hand Rotation a propor um ciclo de cinema chamado "FICÇÕES IMOBILIÁRIAS: O direito à habitação através do cinema".
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Junho de 2021
Julho de 2021
Programado por André Alves
Um ciclo de cinema ao ar livre para descobrir o cinema iraniano e falar do papel da mulher na sua sociedade.
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Agosto e Setembro de 2021
Ciclo de cinema «Diários»
Em ocasião da recente edição da Casa da Achada- Centro Mário Dionísio «Passageiro Clandestino vol. 1» de Mário Dionísio com notas de Eduarda Dionísio. |
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Outubro, Novembro e Dezembro de 2021
Janeiro, Fevreiro e Maio de 2022
Ciclo de cinema Plágios, paródias, patentes e piratas
O cinema, essa arte reprodutível, sempre foi um lugar de cópias, imitações, apropriações, citações. Sempre se apropriou (devida ou indevidamente) de coisas que para aí andavam. Andou a respigar na literatura e no teatro, mas também na filosofia e na música, na ciência e na vida quotidiana, é claro. Desde filmes sobre patentes (problema do próprio cinema, desde a sua invenção) a aventuras de piratas, de plágios a roubos (o cinema adora fazer desaparecer coisas), este ciclo junta filmes muito diferentes: fitas de tribunais, filmes sobre piratarias da indústria, assaltos e desfalques, em dramas e documentários, mas também em comédias e paródias. Porque às vezes o cinema responde aos donos do mundo (e do cinema) simplesmente com uma boa gargalhada. |
10/JAN NICKELODEON (NO MUNDO DO CINEMA)
17/JAN PIRATES (PIRATAS)
24/JAN A NIGHT IN CASABLANCA (UMA NOITE EM CASABLANCA)
31/JAN CRNA MACKA, BELI MACOR (GATO PRETO, GATO BRANCO)
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7/FEV
14/FEV
21/FEV
28/FEV
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dia 7/MAR
dia14/MAR
dia 21/MAR
dia 28/MAR
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Maio e Junho de 2022
Setembro de 2022
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Outubro de 2022
por ocasião do 13º aniversário e da vinda dos amigos da Lega di Cultura di Piadena
Entre sons, palavras e cores
André Spencer
2011, 25'
Kennst du das Land? (Conheces esta terra?)
Peter Kammerer e Hans Goetz Oxenius
1977, 55'
Segunda-feira, 3 de Outubro às 21h30
Outubro de 2022
Novembro de 2022
Dezembro de 2022
Janeiro, Fevereiro e Março de 2023
Abril, Maio e Junho de 2023
Setembro de 2023
Outubro de 2023
Novembro de 2023
Dezembro de 2023
Janeiro de 2024
Ciclo de cinema AVIZINHA-TE!
O ciclo de cinema de Janeiro, co-organizado com a Stop Despejos e Habita, debruça-se sobre vizinhanças e resistências.
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Março, Abril, Maio e Junho de 2024
Julho de 2024
Ciclo « FILMES COM REALIZADORES »
Para Julho, a Casa da Achada organiza uma série de cinco filmes «independentes» e conta com os seus realizadores a apresentá-los e a conversar sobre eles.
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Outubro e Novembro de 2024
Dezembro de 2024
André Spencer e F. Pedro Oliveira para Casa da Achada - Centro Mário Dionísio | 2009-2022