Horário de Funcionamento:
Segunda, Quinta e Sexta
15:00 / 20:00
Sábados e Domingos
11:00 / 18:00
2ª ed. c./ reedição integral de Poemas, [Mem-Martins]: Publicações Europa-América, 1982,
col. Obras de Mário Dionísio nº1, c./ pintura de MD (1979)
ADVERTÊNCIA |
7 |
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ANTIPREFÁCIO (1966) |
13 |
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POEMAS (1936-1938) |
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O homem sozinho na beira do cais |
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Casa deserta |
31 |
Canto do bar |
33 |
Os homens da minha rua de casas de madeira |
35 |
A morte é sem estrelas |
36 |
Irremediável |
40 |
Ordem |
41 |
Poema do cão danado |
43 |
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Anunciação |
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Volta |
51 |
Descobrimento |
53 |
Segundo nascimento |
55 |
Estarei sempre lá fora |
57 |
Perdida |
58 |
O caminho das estrelas |
59 |
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Pregão |
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Pregão |
63 |
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Com todos os homens nas estradas do mundo |
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Caminho |
67 |
Para lá dos limites |
69 |
Solidariedade |
70 |
Dois poemas do sonho |
71 |
Norma |
73 |
Poema da mulher nova |
75 |
Sangue impetuoso |
76 |
Depois de mim |
78 |
Utilidade |
80 |
Arte poética |
81 |
Uno |
83 |
Desnível |
84 |
Nós seremos amor |
86 |
Complicação |
87 |
Não |
88 |
Poema do sacrifício sublime |
92 |
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AS SOLICITAÇÕES E EMBOSCADAS (1945) |
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Mascarim entre as musas |
97 |
Cidade |
99 |
À noite nas ruas |
101 |
A seiva oculta |
103 |
Um sorriso velado |
105 |
De coração suspenso |
106 |
Essa tragédia tão vulgar |
108 |
Consciência |
109 |
Ao desejo |
110 |
Os amigos desconhecidos |
111 |
Domingo |
112 |
Transparência |
113 |
Perguntas no ar ansiosas |
114 |
A atracção do rio |
115 |
Lamento na hora incerta |
116 |
Para lá das canções |
117 |
Certeza |
118 |
As esquinas iluminadas |
119 |
Amor da terra e da hora |
120 |
A adesão dos elementos |
122 |
Cantiga de roda |
123 |
Ode |
124 |
O maior poema |
126 |
Ruas e ruas |
127 |
Vida interior |
129 |
Gradeamento |
131 |
Os caminhos do eu megalómano |
133 |
O poeta e as musas |
134 |
Hipocrene |
135 |
Introspecção |
137 |
Escada de muitas vidas |
138 |
Rapariga das tranças |
140 |
Entre nós e as raízes |
143 |
No cais |
145 |
Balada dos amigos separados |
147 |
De ombros caídos |
149 |
Silenciosa música do cosmos |
150 |
Elegia ao companheiro morto |
151 |
A carne é forte |
153 |
Oh hora morna |
154 |
O doente e a febre |
156 |
Quotidiano |
157 |
Intervalo |
158 |
Indícios |
159 |
No fim |
160 |
Enterro |
161 |
Felicidade |
162 |
O poeta ao viandante solitário |
163 |
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DISPERSOS NO TEMPO |
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Meu galope é em frente |
169 |
Os galos de Lurçat |
172 |
Ode insólita a Gomes Leal |
174 |
Ainda é tempo |
177 |
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O RISO DISSONANTE (1950) |
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com as mãos abertas e uma pomba |
185 |
uma criança descalça |
186 |
em voz baixa cantemos |
187 |
enchem-se os cais de emigrantes |
189 |
como as janelas são tristes |
190 |
erma era a hora com punhais |
191 |
mudo o letreiro provocante |
192 |
mostrava o rosto esburacado |
193 |
porque são as pessoas antipáticas |
194 |
com as ancas cingidas |
195 |
lá para o fim de um postigo |
196 |
atrás das colunas de estafe |
197 |
móvel move-se o imóvel |
198 |
as paredes puseram-se a abanar |
199 |
na tarde chuvosa com biocos |
200 |
no canto escuso de uma praça de arcos |
201 |
à minha volta desalentos |
202 |
onde mais brilha o sol mais densa a noite |
203 |
o irrecuperável |
204 |
tu supunhas-me longe |
205 |
como uma pedra no silêncio |
206 |
vulgar melodia |
207 |
um coxo com um ramo de flores |
209 |
uma mulher quase nova |
210 |
chapelinho de quadrados |
211 |
falar um pouco do que se ama |
212 |
um boné de pala sobre o mundo |
213 |
no vale impune um palácio com valsas |
214 |
discreta a alegria do mundo |
215 |
serena a força irrompe |
216 |
quando digo tu a um amigo desconhecido |
217 |
lá do planalto dos altos fornos |
218 |
camions de holofotes apagados |
219 |
falar com o relógio na mão |
220 |
sob um velho chapéu pardo |
221 |
quando a notícia correu |
222 |
mil anos que viva não se apaga |
224 |
já não há horas disponíveis |
225 |
quente na lágrima suspensa e ácida |
227 |
uma cancela entreaberta |
228 |
eis-te de novo minha pátria inquietante |
229 |
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O SILÊNCIO VOLUNTÁRIO |
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Ao pintor Fernand Léger |
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Rue Notre Dame des Champs (1949) |
233 |
Adão e Eva entre os andaimes (1951) |
234 |
O eterno retorno (1950) |
236 |
A palavra que falta (1950) |
237 |
Com a data de hoje (1951) |
238 |
Lápide raspada (1952) |
239 |
Quatro páginas dum diário esquecido (1952) |
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5 de Maio |
240 |
6 de Maio |
240 |
2 de Junho |
241 |
15 de Julho |
242 |
Para ser lido mais tarde (1953) |
243 |
Quase uma súplica (1958 |
245 |
Diz-se que (1960) |
246 |
Aniversário (1960) |
247 |
Como é natural (1960) |
249 |
Lembrança mais ou menos esfumada (1961) |
250 |
Quanto a visitas importunas (1961) |
251 |
Excessivamente pessoal (1962) |
252 |
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MEMÓRIA DUM PINTOR DESCONHECIDO (1965) |
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Uma palavra um baço aroma |
255 |
Da ferida nasce uma palavra |
256 |
O velho muro salitroso |
257 |
Pintura fácil poesia fácil |
258 |
Neste silêncio branco |
259 |
Amontoam-se as telas e os anos |
260 |
Como os verdes profundos chamam |
262 |
Branco de neve |
263 |
Pincelada isolada e discrepante |
264 |
Dum barco apodrecendo |
265 |
Agora sim velhice |
266 |
Cor de cereja pele macia |
267 |
Na chuvinha violeta |
268 |
Deitei agora mesmo o açúcar no cinzeiro |
269 |
Tudo começa num ramo |
270 |
Delicada assonância |
271 |
Num fundo pardo |
272 |
Voz de musgo e de concha |
273 |
Cantarolar pela rua Assobiar |
274 |
Julgar bastante a fantasia |
275 |
Encomendaram-me um retrato |
276 |
Estás agora tão longe |
277 |
Crer em milagres |
278 |
Minha obsessão |
279 |
Altos cachões de espuma |
280 |
Mas é preciso? |
281 |
Despe-te agora meu tormento |
282 |
Ansiedade? É possível |
284 |
Originalidade |
285 |
Por dentro de fevereiro um fio de primavera corre |
286 |
Não é sono nem sonho nem o bem nem o mal |
287 |
Pobre café distante |
288 |
Brisa de lume nos cabelos |
289 |
Falar assim sem palavras longamente |
290 |
Se te criei não sei |
292 |
Uma sombra outra sombra a noite desce |
294 |
Oh dolorosa ingenuidade |
296 |
A camisa branca |
298 |
Se indecisa |
299 |
Hoje a cor é o verde Véronèse |
301 |
Não me deixes conhecer-te muito bem |
303 |
Entre o cinza e o verde |
305 |
Não queiras pôr a nuvem numa caixa transparente |
306 |
Já sabia que havia a transparência |
307 |
Bom dia marinheiro |
308 |
Neste café quase deserto |
310 |
Com o dedo escreves |
311 |
Que bela manhã de névoa |
312 |
Tudo é tão pobre |
314 |
Até quando |
316 |
A saúde sim Mas é tão pouco |
317 |
Pode-se pintar com óleo |
319 |
Saber apagar e apagar-se |
320 |
Os caminhos do amor |
321 |
Oh doida sofreguidão |
323 |
Criticando esta pintura |
324 |
Transparência sincopada |
325 |
Só o amor é grande Só o amor |
326 |
Sei que o relógio marca cinco menos cinco |
329 |
Vamos dispor com sensatez |
331 |
Chego a cada instante de tão longe |
332 |
E agora? |
334 |
Só tintas claras Delicadas |
336 |
Chamo-te amor e és só uma criança |
338 |
Um céu de cal |
340 |
Como pintar esta paisagem |
341 |
Vi no café um doce quadro |
342 |
Hoje a cor é o roxo |
343 |
Os presos contam os dias |
345 |
Tambor azul |
347 |
Avalanche de negro em chão de sangue |
348 |
Entrou aqui a inspiração |
349 |
Num pingo de verniz |
350 |
Pinto |
351 |
Tantas lembranças ficaram |
363 |
Dois botões |
364 |
Não Não é fácil compreender |
366 |
Um espesso véu sem cor vai reduzindo as coisas ao que são |
368 |
Nus aqui estamos |
369 |
Lá mesmo ao fim do túnel sem regresso |
370 |
Claridade violeta violenta |
371 |
Num turbilhão de folhas e de sóis
entre nuvens peixes pedras luas estrelas
cantam os galos de Lurçat
Bom dia corações de girassol e astros com cabelos
Bom dia homens com raízes
Pairam na lã os ares
do Loire e do Garona
meiga luz de velhíssimos teares
cheiro a cachos do Beaune
meiga luz dos mil matizes do aroma
da doce terra de França
Entre troncos caídos em clareiras virgens
graves galos garbosos
de esporões floridos
com a manhã nas cristas
Que outras horas são estas
Que outros sítios e olhos? Que mendigos em festa?
Que serenidades imprevistas?
Galos negros e azuis
entre o presente e o futuro
traçam nos túneis absurdos
esguias figuras mudas
Galos verdes e castanhos
rasgam na alma os lanhos
da poeira dos anos
Galos vermelhos brancos amarelos
no ponto robusto de ásperas lãs
soltam clarins nas ruínas ermas dos castelos
de que se erguem amanhãs
Oh universos suspensos de Lurçat nos nevoeiros densos
da doce terra de França
Oh fanfarras desgrenhadas nas auroras dúbias e ousadas
na doce terra de França
Teus galos cantam fúria e eu oiço amor
teus galos cantam dor e luto e noite e eu oiço
esperança
Mário Dionísio 1950
André Spencer e F. Pedro Oliveira para Casa da Achada - Centro Mário Dionísio | 2009-2022